Arquipélago de Bazaruto: de dhow até Magaruque

Mal tinha começado a dar a volta à ilha a pé, que demora duas ou três horas e é actividade habitual para quem passa o dia em Magaruque, quando uma das poucas habitantes, sorridente e com o cabelo penteado numa espécie de pompons, me pergunta se os posso fotografar. Tem um filho ao colo (Esmarço, de oito meses) e está acompanhada de mais três raparigas, uma delas com um bebé que parece acabado de nascer (a mãe não fala português, como muitos moçambicanos nesta região, mas com tradução lá consigo perceber que tem três semanas). Fotografo-os, mostro-lhes as fotos, volto a fotografar, sorrio, recebo sorrisos e prossigo o passeio pelo areal - ao longo do qual me hei-de cruzar com alguns miúdos em brincadeira pela praia, poucos turistas também chegados de barco, muitos caranguejos, um barco ferrugento e encalhado e um bando de flamingos à beira mar - uma das atracções da ilha também conhecido como de Santa Isabel, juntamente com os peixes coloridos que se podem ver nos recifes à volta ou os golfinhos que às vezes nadam por ali.
Depois de termos visitado as duas maiores ilhas do arquipélago (Bazaruto e Benguerra) num semi-rígido, optámos nesta visita a Mararuque (das cinco, é a terceira em tamanho e a mais próxima de Vilankulo) por uma embarcação mais tradicional, um dhow adaptado aos tempos modernos. Em vez das habituais grande vela e grande vara de pau, tem um pequeno motor o nosso Mapapay. E tem também um fogareiro no qual é grelhado o peixe que os "comandantes", "cozinheiros" e "guarda-costas" Carlos e Orlando (assim apresentados pela italiana com quem contratamos o passeio) nos servem na praia: um bom serra acompanhado de arroz e batatas feitas num molho de tomate e pimentos.
O regresso a terra, ao princípio da tarde, é feito lentamente, tentando procurar caminho no meio de uma maré tão vazia que dificulta a navegação. Também é possível adiar o regresso ao continente e pernoitar na ilha. Há um hotel reconstruído a partir de um alojamento original construído pelo português Joaquim Alves nos anos 60. Leio no Lonely Planet dedicado a Moçambique que este foi na altura um lugar favorito de ricos e famosos. Na nossa passagem pareceu-nos muito calmo e um pouco vazio.













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